Mercúrio1
11 de Abril de 2017
Independente2
22:30

  1. Kaiju 1:56
  2. Corpo Incorrupto 5:18
  3. Estudo/Estado do Nu 3:22
  4. Kaiju Reprise 0:57
  5. Máscara 3:58
  6. Teoria das Células (part. Theuzitz) 3:31
  7. Mercúrio 1:00
  8. Vegvísir 2:23

Gravado entre Janeiro e Março de 2017.
Produzido, mixado e masterizado3 por Lucas da Silva.
Todos os instrumentos, letras e vocais por Vinicius Mendes, exceto:
Vocais em “Teoria das Células” por Theuzitz.
Violão em “Vegvísir” por Lucas da Silva.
Foto da capa por Lucas da Silva.

Letras

Kaiju

O fim tá aí, e eu nem vi ele chegando
Só senti um frio no quarto ou quinto relâmpago
Me perdi aqui numa esquina entre um mundo e outro
E eu só senti um frio quando você tocou no meu ombro e disse: “Éramos gigantes e nenhum exército poderia nos derrubar. maiores que deuses, maiores que sonhos, mal cabíamos entre o céu e o mar. mas crescemos tanto que agora eu preciso do meu lugar, porque o seu você já achou e fugiu pra lá há muito tempo atrás.”

Corpo Incorrupto

O meu corpo é turvo, meu deus anda quieto
Um universo inteiro nunca vai ser concreto
São muitos tropeços pra fazer um certo
Viro acetona, evaporo obsoleto, discreto, inquieto
Como pode alguém sobreviver a um cedro? Resina que cobiço para envolver meus restos

Estudo/Estado do Nu

Me despi na tua frente dos meus medos e segredos
Te levei pr’uma câmara pra reverberar meus erros
Remoto eu assisto uma necropsia coletiva
Cada um com sua teoria dos porquês duma vida
Se um dia eu me arrepender isso tudo estará feito
Todas as curvas do meu ser, todo o sangue que eu verto
Um corpo nu, de graça
Um corpo cru, pra massa

Máscara

Eu transformei
Me escondi num clichê
Só percebi quando me desnudei de todos esses apetrechos
Me intoxiquei com a bonança que nunca vou ter
Quando caiu não teve estouro
O vento ecoa o som do teu choro
Me ocupei em moldar esculturas sem sustentação
Faltou arame e chão
Pintei a máscara e esqueci do cordão
O mundo não sustenta o sonho de quem tenta dormir

Teoria das Células

O único grupo que já pertenci é o meu corpo
Os tecidos e os músculos num abraço
Os sinais fluem caóticos ao meu rosto
Minhas veias firmam tudo como laços e minha pele descontínua
Os meus braços são uma extensão do meu fogo
A minha boca traz de volta o chão e eu pouso
Mas meus dedos continuam distantes de triunfo, de qualquer feito, de um acontecimento, de um acidente

Mercúrio

Eu sou o mensageiro
Mas do que e de quem?
Para um milhão de deuses, autointitulados, miúdos e agitados, com braços gigantes e açucarados
Grudam minhas oferendas e não retornam à mesa
Minha obra é sem certezas
Sou um ladrão de poetas
A minha nona faceta: nociva e inconsistente

Vegvísir

Você se perdeu quando a maré cresceu
Caiu num mar que um dia te pertenceu
Tempestade que nem Jesus vem socorrer
O norte é turvo, o desconhecido vai doer
Siga nadando, a bruxa mostra o caminho do oceano, e de tudo que é bonito
Somos água, somos ar e o alimento que se propaga pra te livrar de sofrimento

Disponível também via Bandcamp.

Arte original

  1. Lançado originalmente sob o nome Vinicius Mendes. ↩︎
  2. Lançado originalmente através do selo independente Pessoa que Voa, de São Paulo/SP. ↩︎
  3. Masterização feita para relançamento do disco pela Ultraluna, em 02/12/2022. ↩︎

Mercúrio by Ultraluna is licensed under CC BY-NC-SA 4.0