o privilégio de poder falar e ser ouvido………
vocês devem estar por dentro desse burburinho todo em relação ao spotify nesses últimos meses. vários artistas estão deixando a plataforma (e serviços de streaming em geral) usando o envolvimento do dono com a indústria militar como pivô da separação. os defeitos dessas plataformas já foram ditos e repetidos um milhão de vezes, mas queria destacar aqui como elas impactaram nossa relação com a música em si.
acredito que pra vários colegas sair das plataformas é praticamente deixar de existir. elas foram feitas para isso, para nos tornarmos dependentes delas enquanto artistas e ouvintes. eu, enquanto artista, odeio o que o streaming fez com o consumo de música em si. enquanto consumidor, não vivo mais sem a comodidade de ter toda a música do mundo ao meu dispor. essas palavras – Consumo, Conteúdo, Criador – por si só já me causam depressão instantânea.
e eu sei que minha opinião não vale de nada pro daniel ek. é o que ele me diz quando preciso alcançar um número arbitrário de reproduções pra não ser considerado espaço morto num servidor e, talvez, ser pago. minha opinião também não é importante o bastante pra sair na pitchfork. mas você estar lendo isso, aqui, é o que importa de verdade. por isso fiz esse site, por isso escrevo aqui. por isso também que as pessoas ainda fazem shows e ainda se reúnem para ouvir alguém tocando ao vivo. por isso que as pessoas catalogam suas coleções no discogs e dão nota pra tudo que escutam no rate your music.
o que podemos fazer de imediato é reivindicar esse espaço e existir fora do vácuo da web 2.0. pelo amor de deus pelo menos pirateie um disco. se puder coloca num dispositivo sem acesso algum à internet e separa um tempinho pra ouvir ele. pode continuar no spotify, foda-se, eu também uso. mas tente transformar seu hábito de escutar música em algo além do que apenas consumir.

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semana passada me encontrei com minhas amigas e amigos da pessoa que voa. um trecho do texto que escrevi sobre nossa história que me veio à minha cabeça no dia seguinte, enquanto morria de ressaca:
hoje, anos distante, o saldo é surpreendentemente positivo. fizemos nossos melhores trabalhos depois da pessoa que voa, pudemos nos profissionalizar ainda mais e continuamos a trabalhar uns com os outros como antes, sem compromisso ou condição. para algumas pessoas, o que fizemos e todo aquele frenesi foi o estopim para que tirassem o próprio projeto do campo das ideias.
tá todo mundo cozinhando:
- acabou de sair o novo do calvin voichicoski e pelocurto, “bodoque”;
- discão ao vivo do sagrados anônimos, “figuras letárgicas”;
- “nada mais será como antes”, ep novo do marchioretto;
- e mês que vem sai disco da eliminadorzinho, “eternamente,”
confia em mim e faz aquilo que eu te falei lá atrás com um desses.
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the complete embrace of nihilism and the rejection of being genuine is the greatest danger to humanity right now— onion person (@junlper.beer) 27 de agosto de 2025 às 19:06
abbracci,
seu amigo da ultraluna

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